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PACTO PELA RESTAURAÇÃO DO PANTANAL: UMA ALIANÇA PELA VIDA E PELA ÁGUA

A Urgência de um Chamado: O Contexto da Degradação do Pantanal

O Pantanal, reconhecido internacionalmente como Reserva da Biosfera e Sítio do Patrimônio Mundial pela UNESCO, detém um status de inestimável valor natural e cultural. Este vasto bioma, a maior área úmida do mundo, é um tesouro ecológico que, ao longo das últimas décadas, tem enfrentado ameaças sem precedentes, exigindo uma resposta coordenada e urgente.

No final de 2020, o cenário era alarmante: uma conjuntura de seca severa, queimadas devastadoras, e a crescente pressão de projetos de infraestrutura como portos e hidrovias, somados ao avanço insustentável do agronegócio no entorno e nas bacias dos rios formadores, impulsionava uma degradação violenta e acelerada. O bioma, que em 2020 registrou o maior incêndio de sua história, atingindo mais de 40 mil km², viu sua área degradada crescer 261% entre 1985 e 2020, com a diminuição drástica das áreas úmidas – de 4,1 milhões de hectares inundados em 2018 para apenas 1,5 milhões em 2020, o menor índice em 36 anos.

 

“No final do ano de 2020 o Instituto Gaia chamou parceiros locais, estaduais, nacionais e internacionais para socializar a preocupação com a degradação violenta e acelerada que o bioma pantanal vinha sofrendo. Aquela era uma conjuntura de seca, queimadas, projetos de portos, da hidrovia, Pequenas Centrais Hidroelétricas e os avanços do agronegócio no entorno e nas bacias dos rios formadores da maior área úmida do mundo.” (LEÃO, et. al., 2022)

Os impactos, conforme apontados por estudos como os do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), tendem a se tornar ainda mais catastróficos com o aquecimento global. Esta percepção de uma crise iminente e a consciência da conectividade intrínseca do ecossistema, onde cada ação, por mais localizada que seja, repercute no todo, catalisou a necessidade de uma mobilização de grande escala.

O Grito de Partida: A Fundação do Pacto

  • A urgência

    Diante da urgência e da inspiração, o Instituto Gaia assumiu a liderança no chamado para a construção de um pacto. Em dezembro de 2020, um momento histórico foi selado: uma aliança entre diversas instituições interessadas na restauração do Pantanal foi firmada. Este movimento reuniu notáveis 42 organizações, compostas por parceiros locais, estaduais, nacionais e internacionais.

  • O início

    O “chute inicial” ocorreu por meio de uma live no YouTube, seguida por uma oficina remota, onde o tema foi aprofundado. Essas reuniões, organizadas pelo Instituto Gaia e pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), contaram com a participação de stakeholders de diversas esferas, que já atuavam ou tinham profundo interesse nas causas do Pantanal. A mobilização prévia, com contatos telefônicos, e-mails e reuniões, foi fundamental para o sucesso deste engajamento.

  • Estudo

    “Este estudo teve início em 2020 a partir de uma aliança entre instituições interessadas em construir um pacto pela restauração do Pantanal. A aliança reuniu 42 instituições, nos dias 17 e 18 de dezembro de 2020, no dia 17 em uma live transmitida pelo You Tube (virtual) e no dia seguinte, dia 18, os participantes reuniram-se novamente por meio remoto para uma oficina onde o tema foi mais detalhadamente discutido as reuniões foram organizadas pela equipe do Instituto Gaia e a Universidade do Estado de Mato Grosso.” (LEÃO, et. al., 2022)

  • O Pacto

    “Esse pacto pela restauração do Pantanal é um chamado para todos que estão aqui, muitos estão vindo de diversos movimentos. Já estamos fazendo essa restauração, então nós estamos chamando que seja um pacto pela restauração do todo, considerando que o Pantanal é uma das maiores áreas úmidas do mundo que está conectada a outras áreas úmidas. Nós fazemos parte dessa imensa conexão de áreas úmidas da América do Sul e da Bacia do Prata” (LEÃO, et. al., 2022)

Metodologia e Visão Estratégica: Desafios, Forças e Oportunidades

Para direcionar os esforços do Pacto, a metodologia incluiu a transcrição e análise dos relatos dos participantes, culminando na construção de uma Matriz SWOT (Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças, ou FOFA). Esta ferramenta estratégica permitiu uma avaliação clara dos elementos que poderiam impulsionar ou dificultar a restauração do Pantanal.

As Ameaças identificadas foram contundentes:

  • Projetos de infraestrutura como hidrelétricas e a hidrovia Paraguai-Paraná;
  • A expansão da agropecuária intensiva (monoculturas, agrotóxicos), que degrada e assoreia rios;
  • Desmatamento e queimadas, que alcançaram níveis recordes em 2020;
  • A perda de biodiversidade e a alteração da qualidade da água.

 

Em contraponto, as Forças que impulsionam o Pacto são inspiradoras:

  • A união de diversas instituições, desde o nível local ao internacional, em prol de uma causa comum;
  • O vasto acúmulo de conhecimento científico, mesmo que por vezes ignorado;
  • A inestimável força do conhecimento e do trabalho das comunidades tradicionais e locais;
  • A notável interação e trabalho em equipe demonstrados, por exemplo, no combate aos incêndios de 2020.

E, finalmente, as Oportunidades que se apresentam:

  • O potencial de financiamento, especialmente a nível internacional, para fortalecer ações;
  • A possibilidade de integração do conhecimento empírico das comunidades com o conhecimento acadêmico;
  • A capacidade de desenvolver ações conjuntas que promovam a melhoria da qualidade da água, aumento da biodiversidade e estoque de carbono.

Artigo Pacto 09_06_2022.docx, Resultados e Discussões

“A análise SWOT, contribuiu para identificar as prioridades no enfrentamento e superação das fraquezas (desgoverno) e ameaças (empreendimentos) e principalmente no aproveitamento das forças (instituições parceiras e experiências) e oportunidades (diálogo, rede e conhecimento), que contribuirá na construção da agenda de restauração.”